É sabido que
exponencialmente a faixa etária que engloba maior taxa de suicídio hoje está
até os 30 e partir dos 70 anos.
Acima dos 70 anos, muitas pessoas
estão vivendo processo de solidão, abandono, falta de significado e não vê mais
propósito na vida.
Já a população até os 30 anos,
suicida-se devido, principalmente ao desespero causado pela ansiedade.
O Brasil é o campeão mundial de
índice de ansiedade. O padrão comportamental adotado em razão da nossa cultura
que busca sobre todas as coisas ganhar e ganhar, não tem tornado as relações
seguras a ponto de ser possível tratar os erros e a busca desenfreada pela
aprovação nos acertos, tem levado muita gente ao esgotamento mental que
resulta, fatalmente, em um suicídio.
A culpa pela busca do "não pode
dar errado" é fatal. É uma forma de progressão suicida.
A expectativa de atender aos
interesses dos outros, muitas vezes, os de casa, parentes próximos, tem
resultado em jovens sem identidade, frustrados consigo mesmo, que resolvem,
tirar sua vida porque não aguentam mais chamar de vida o que chamamos de vida.
Fale. Lute. Busque ajuda. Viva!
Suicídio é uma questão controversa do ponto de vista filosófico e moral, mas quando se trata de saúde, há orientações bem consolidadas. Especialista esclarece dúvidas comuns sobre suicídio em 7 perguntas.
O
suicídio provoca choque, tristeza, incompreensão, culpa e muitos outros
sentimentos. Mas é um fenômeno prevenível, e para reduzir sua ocorrência é
necessário falarmos sobre ele. O psiquiatra Carlos Cais, do departamento de
Psicologia Médica e de Psiquiatria da Universidade de Campinas (Unicamp),
responde a dúvidas comuns sobre o assunto.
É possível determinar o perfil de quem tem tendência a cometer suicídio?
Não é possível olhar alguém e determinar que aquela pessoa tem risco. Há algum nível de previsibilidade, mas não do ponto de vista determinístico. Que características seriam essas? Pessoas mais impulsivas, agressivas, com histórico e tendência a desenvolverem transtornos mentais e pessoas que já apresentaram comportamento suicida no passado.
Toda pessoa que comete suicídio tem, necessariamente, algum
transtorno mental?
Não.
Suicídio é uma combinação de fenômenos, porém o transtorno mental é algo que
está presente na maioria absoluta dos suicídios (cerca de 90% dos casos). Na
ausência de transtorno, é difícil se montarem as condições.
Dizer que kamikazes da Segunda Guerra ou aqueles que colidiram com o World Trade Center tinham transtornos mentais é equivocado. Porém, o transtorno mental é um vulnerabilizador quase necessário.
Como percebo se há risco de uma pessoa cometer suicídio?
Dois
terços das pessoas que falecem por suicídio dão sinais explícitos de que estão
pensando. Costumam dizer cosias bem características, como “eu sou um fardo”,
“eu não sirvo para nada” e frases que indicam culpa e pessimismo.
O
outro terço mostra sinais por vezes relacionados a transtornos como depressão. O
indivíduo perde o interesse nos prazeres do cotidiano, fala de forma diferente
da tristeza que sente. Também há mudança de comportamento, como intensificação
de uso de substâncias lícitas e ilícitas.
O que fazer se uma pessoa ameaçar se suicidar?
A
primeira coisa: ninguém é responsável pela vida do outro. Quando você perceber
alguém em risco, isso não deve virar um peso para que você se sinta responsável
pela vida do outro, deve virar uma mobilização para que você a leve a uma ajuda
externa, que vá aliviar o sofrimento.
É possível se livrar de um pensamento suicida?
Sim, o
que chamamos de ideação suicida está associado a um sofrimento psíquico. Todos
nós temos um limite do que nosso aparelho psíquico pode lidar. A partir do
momento em que aquele limite é superado, os pensamentos de morte começam a
aparecer como solução.
Tudo o
que aliviar esse sofrimento irá refletir na ideação, que se dilui
espontaneamente ao tratar as causas do sofrimento.
É possível prevenir o suicídio?
Sim, a maioria dos casos de suicídio são preveníveis. Depressão é tratável, assim como o uso de substâncias psicoativas. A maior parte dessas condições, mesmo as não ligadas à saúde, como isolamento, podem ser, senão totalmente diluídas, grandemente mitigadas.
O que você recomendaria para quem tem pensamentos suicidas?
A
recomendação para alguém que reconhece que está passando por um sofrimento
muito importante naquele momento da vida é procurar ajuda profissional, nos
vínculos afetivos, na sociedade (como o CVV).
Vela a entrevista:
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